Embora o
ambiente de trabalho seja um organismo capaz de “produzir saúde” e garantir
qualidade de vida da sua população, o alcance desse “objetivo”, não é fato
normalmente alcançado. É sintomático que malgrado as consideráveis quantias de
recursos (o sistema de saúde suplementar gastou em 2017 o equivalente a 65 bilhões de reais para
atender cerca de 48 milhões de pessoas), o desembolso das corporações para
cobrir os custos dos Planos de Saúde Contratados e os prejuízos gerados pelo
afastamento dos trabalhadores, representam mais de 64% deste total e continuam em curva ascendente.
Os ambientes
de trabalho são caudatários de toda a experiência humana. É nele que as pessoas
passam a maior parte de suas vidas e estabelecem as relações sociais
predominantes. É neste cenário que se produzem e reproduzem a saúde ou a
doença. É especialmente por esta razão que “gerenciar”” o Sistema de Saúde
Corporativo exige a redescoberta do paradigma perdido ao longo do tempo e
perceber que o conjunto de “pessoas” que vivem no ambiente corporativo formam o
“Sistema de Saúde” a ser gerenciado. Portanto, o desafio não está em organizar
ou reorganizar um Sistema de Assistência a Saúde (conjunto de ações e serviços
destinados a atender a doença), mas especialmente em detectar o conjunto de
causas das doenças predominantes no ambiente corporativo e familiar e formatar
uma proposta que priorize pela ordem: a atitude de oferecer o conhecimento
em gestão do sistema de saúde à estrutura de gestores; a articulação das lideranças capazes de
influenciar no modo de viver do ambiente e da capacidade da corporação em
oferecer um aparato mínimo para atender
as doenças da população usuária (Plano de Assistência). Por que Morrem e
Por que adoecem, são as respostas que poucos tem disponível! No entanto, são estas as perguntas que fundamentam
qualquer tipo de planejamento orçamentário, financeiro e dias parados. Se alguém
quiser fazer um “orçamento” sem precisar dos complexos sistemas mutualistas,
basta buscar respostas epidemiológicas e algumas outras sócio-economicas ao
redor dos indivíduos, não pode deixar de organizar tal banco de dados
históricos, que normalmente as operadoras deveriam produzir.
É desta
perspectiva que surge a idéia da redescoberta da reorganização do Sistema de
Saúde e Qualidade Vida, orientado pela referencia do “conhecimento” como um
instrumento de gestão, para que por si mesmo a organização possa intervir no
seu “sistema de saúde” sem depender primariamente da atividade biomédica.
Não é
difícil compreender que cada pessoa é responsável em gerir o “seu” sistema de
saúde. As vezes assumimos também o papel de gestor de um sistema de ordem
coletiva: o pai ou a mãe que tem o papel de cooperar na gestão da saúde da
família. Um líder comunitário que também tem o papel de cooperar na gestão da
saúde da comunidade que representa, e no ambiente de trabalho quando você
assume o papel de Gestor de Pessoas, você passa igualmente a ser o Gestor da
Saúde e do Bem-Estar do grupo pelo qual é responsável.
Não se trata
de estabelecer juízo de “diagnóstico” sobre patologias, atribuição exclusiva da
medicina, se trata de saber que na condição de gestor do nosso sistema de saúde
(pessoal ou coletivo) a condição física, o cenário social, material, as
condições de trabalho e a nossa suscetibilidade à doença – tudo está
interligado. Mas é fundamental que as pessoas recebam a capacitação apropriada para cumprirem com o papel de gestores e compreendam
a relação de causa e efeito no binômio saúde versus doença.
O Gestor que
possuir noções básicas de gestão do sistema de saúde, pela visão integral do
ser humano, estará agregando valores imprescindíveis para uma boa interação com
seu grupo de trabalho. O bom estado de saúde física e mental dentro de uma
equipe é determinante no desenvolvimento da criatividade e da cooperação, desde
que esta equipe tenha como prioridade de comportamento “saber como manter a
saúde, prevenir doenças e evitar acidentes de trabalho”. Quanto mais um
individuo aprende sobre “como promover saúde”, tanto mais útil ele se torna
para a organização, para a sociedade, para sua família e para si mesmo. Especialmente porque “promover
saúde” é diferentes de “prevenir doenças”.
A exigência
de um processo de “capacitação” da estrutura de gestores de uma organização na gestão
do seu sistema de saúde se fundamenta na idéia de que saúde corporativa é a
soma de um conjunto de variáveis onde se incluem: o estilo de vida predominante,
as condições de trabalho, as políticas sociais internas (acesso, remuneração,
relacionamentos, etc..) e o Plano de Assistência contratado.
Todas estas
variáveis estão profundamente interligadas, fazendo com que as empresas comecem
a pensar cada vez mais em capacitar sua estrutura em como gerenciar seu sistema de saúde e cada vez menos em como atender a doença e a mortalidade interna.
Uma
organização saudável não é aquela que oferece o melhor “Plano de Saúde”, mas
sim aquela que está permanentemente aperfeiçoando e expandindo sua capacidade
de estar próximo do cidadão, capacitando-se para alcançar o seu máximo
potencial. Promover saúde exige em primeiro lugar o “compromisso” com a saúde e
isso exige, as vezes, a quebra de paradigmas, acumulados durante anos. Mudar o
“pensamento” é o caminho para as organizações alcançarem um “comportamento”
corporativo que resultem no mais alto nível de saúde e bem estar.
Para mudar o
comportamento é preciso primeiro mudar o pensamento!
Norival R
Silva
Diretor de
Governança
FEBRAPLAN –
Federação Brasileira de Planos de Saúde
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