terça-feira, 27 de março de 2018

A SAÚDE CORPORATIVA E A PROMOÇÃO DA SAÚDE - Norival R Silva


Embora o ambiente de trabalho seja um organismo capaz de “produzir saúde” e garantir qualidade de vida da sua população, o alcance desse “objetivo”, não é fato normalmente alcançado. É sintomático que malgrado as consideráveis quantias de recursos (o sistema de saúde suplementar gastou em 2017  o equivalente a 65 bilhões de reais para atender cerca de 48 milhões de pessoas), o desembolso das corporações para cobrir os custos dos Planos de Saúde Contratados e os prejuízos gerados pelo afastamento dos trabalhadores, representam mais de 64% deste total e  continuam em curva ascendente.

Os ambientes de trabalho são caudatários de toda a experiência humana. É nele que as pessoas passam a maior parte de suas vidas e estabelecem as relações sociais predominantes. É neste cenário que se produzem e reproduzem a saúde ou a doença. É especialmente por esta razão que “gerenciar”” o Sistema de Saúde Corporativo exige a redescoberta do paradigma perdido ao longo do tempo e perceber que o conjunto de “pessoas” que vivem no ambiente corporativo formam o “Sistema de Saúde” a ser gerenciado. Portanto, o desafio não está em organizar ou reorganizar um Sistema de Assistência a Saúde (conjunto de ações e serviços destinados a atender a doença), mas especialmente em detectar o conjunto de causas das doenças predominantes no ambiente corporativo e familiar e formatar uma proposta que priorize pela ordem: a atitude de oferecer o conhecimento em gestão do sistema de saúde à estrutura de gestores; a articulação das lideranças capazes de influenciar no modo de viver do ambiente e da capacidade da corporação em oferecer um aparato mínimo para atender as doenças da população usuária (Plano de Assistência). Por que Morrem e Por que adoecem, são as respostas que poucos tem disponível! No entanto, são estas as perguntas que fundamentam qualquer tipo de planejamento orçamentário, financeiro e dias parados. Se alguém quiser fazer um “orçamento” sem precisar dos complexos sistemas mutualistas, basta buscar respostas epidemiológicas e algumas outras sócio-economicas ao redor dos indivíduos, não pode deixar de organizar tal banco de dados históricos, que normalmente as operadoras deveriam produzir.

É desta perspectiva que surge a idéia da redescoberta da reorganização do Sistema de Saúde e Qualidade Vida, orientado pela referencia do “conhecimento” como um instrumento de gestão, para que por si mesmo a organização possa intervir no seu “sistema de saúde” sem depender primariamente da atividade biomédica.

Não é difícil compreender que cada pessoa é responsável em gerir o “seu” sistema de saúde. As vezes assumimos também o papel de gestor de um sistema de ordem coletiva: o pai ou a mãe que tem o papel de cooperar na gestão da saúde da família. Um líder comunitário que também tem o papel de cooperar na gestão da saúde da comunidade que representa, e no ambiente de trabalho quando você assume o papel de Gestor de Pessoas, você passa igualmente a ser o Gestor da Saúde e do Bem-Estar do grupo pelo qual é responsável.

Não se trata de estabelecer juízo de “diagnóstico” sobre patologias, atribuição exclusiva da medicina, se trata de saber que na condição de gestor do nosso sistema de saúde (pessoal ou coletivo) a condição física, o cenário social, material, as condições de trabalho e a nossa suscetibilidade à doença – tudo está interligado. Mas é fundamental que as pessoas recebam a capacitação apropriada para cumprirem com o papel de gestores e compreendam a relação de causa e efeito no binômio saúde versus doença.

O Gestor que possuir noções básicas de gestão do sistema de saúde, pela visão integral do ser humano, estará agregando valores imprescindíveis para uma boa interação com seu grupo de trabalho. O bom estado de saúde física e mental dentro de uma equipe é determinante no desenvolvimento da criatividade e da cooperação, desde que esta equipe tenha como prioridade de comportamento “saber como manter a saúde, prevenir doenças e evitar acidentes de trabalho”. Quanto mais um individuo aprende sobre “como promover saúde”, tanto mais útil ele se torna para a organização, para a sociedade, para sua família  e para si mesmo. Especialmente porque “promover saúde” é diferentes de “prevenir doenças”.

A exigência de um processo de “capacitação” da estrutura de gestores de uma organização na gestão do seu sistema de saúde se fundamenta na idéia de que saúde corporativa é a soma de um conjunto de variáveis onde se incluem: o estilo de vida predominante, as condições de trabalho, as políticas sociais internas (acesso, remuneração, relacionamentos, etc..) e o Plano de Assistência contratado.

Todas estas variáveis estão profundamente interligadas, fazendo com que as empresas comecem a pensar cada vez mais em capacitar sua estrutura em como gerenciar seu sistema de saúde e cada vez menos em como atender a doença e a mortalidade interna.

Uma organização saudável não é aquela que oferece o melhor “Plano de Saúde”, mas sim aquela que está permanentemente aperfeiçoando e expandindo sua capacidade de estar próximo do cidadão, capacitando-se para alcançar o seu máximo potencial. Promover saúde exige em primeiro lugar o “compromisso” com a saúde e isso exige, as vezes, a quebra de paradigmas, acumulados durante anos. Mudar o “pensamento” é o caminho para as organizações alcançarem um “comportamento” corporativo que resultem no mais alto nível de saúde e bem estar.

Para mudar o comportamento é preciso primeiro mudar o pensamento!

 Norival R Silva

Diretor de Governança

FEBRAPLAN – Federação Brasileira de Planos de Saúde





                              






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