quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

SAÚDE SUPLEMENTAR - FALANDO FRANCAMENTE






SAUDE SUPLEMENTAR: FALANDO FRANCAMENTE

Norival R Silva

Consultor



Tenho acompanhado diariamente a discussão em torno da desoneração do Sistema Único de Saúde – SUS, como quer o senhor Ministro da Saúde, através de mais acessibilidade do consumidor aos Planos Privados de Saúde.

Nesse monitoramento, tenho observado uma coisa curiosa, todas as vezes que o Ministro se manifesta apontando a direção, ações e resoluções na direção opostas são tomadas no dia seguinte. Recentemente o Ministro, afirmou que “não há como regular serviços que o consumidor tenha opção de troca seja pela qualidade seja pelo preço”. No dia seguinte a ANS, que não é “A Nossa Santidade”, é Agencia Nacional de Saúde, faz a publicação de um novo “Roll” de itens que devem ser acrescentados no Plano de Referência e impede que as Operadoras alterem preços por conta da decisão. Ainda nos últimos dias, foi apresentado o PL Substitutivo ao PL 7419/06, na verdade um aglomerado de 142 projetos de lei que estavam tramitando na Câmara dos Deputados. O tal PL Substitutivo, igualmente vai na direção oposta do que quer o Ministro. Salvo uma ou outra proposição, há questões básicas como: Ressarcimento, Obrigatoriedade de programas promoção da saúde e controle de endemias, como se o Sistema Suplementar de Saúde fosse financiado com recursos públicos. Enquanto isso, questões estruturantes ficam fora de qualquer discussão e agenda de reformas.

Para entender este cenário, é preciso compreender o significado do processo de regulação de serviços públicos concedidos a terceiros. As “agencias” reguladoras com caráter público fazem exatamente isto: regular as atividades públicas (aeroportos, telefonia, agua, eletricidade, etc.) concedidas para terceiros privados. Então, porque o Sistema Suplementar Privado, não pode ser regulado: Simples, não é concessão pública, não é o SUS ou parte dele, concedido para terceiros. É um serviço de livre adesão do consumidor. É como diz a Constituição Federal, art. 199º “saúde é livre a iniciativa privada”, seja para oferta de serviços de assistência à saúde praticados de forma direta ao consumidor, seja na forma de Planos e Seguros de Saúde, igualmente oferecidos e de livre adesão do consumidor.

Então, porque a ANS, assumindo o papel de “divindade”, interfere arbitrariamente numa relação de livre decisão entre ofertar e comprar? Como fazer regulação de um serviço que tem financiamento exclusivamente privado? Claro que só resta uma resposta ainda não questionada: como serviços de saúde é de relevância pública, é preciso garantir os interesses e a integridade física dos consumidores. Nesse caso cabe uma “agencia” de natureza pública que: garanta a qualidade sanitária dos ambientes, concedendo alvarás de funcionamento; que estabeleça regras de garantias da prestação de serviços prometidas em contratos e que proteja os consumidores das incompetências e má gestão privada. Toda vez que a ANS resolve adotar um novo “roll” e dizer a operadora o que deve e não pagar; estabelecer padrão de reajustes de preços; assumir o papel que é do Procon duplicando uma atividade que não é pública, está assumindo o papel de quem é “dono” do Sistema. Ao fazer tais procedimentos só contribui para descredito do investidor no mercado, contribuindo para a desaceleração do crescimento do setor. Nem mesmo outras Agencias públicas que são reguladoras de atividades públicas concedidas, adotam esta prática. Qualquer outra teoria será nada mais do que teorias regulatórias tecnocratas que nem mesmo no SUS, funciona. Aliás se sou o Ministro, realoco a ANS, para cuidar do SUS.

Olha, falando francamente, será mesmo que o Ministro da Saúde não sabe o que se passa no âmbito da ANS, cuja conduta estatizante se concretizou nos últimos anos, sob a égide dos governos que antecederam ao atual? Será que o Relator do Projeto Substitutivo vai mesmo colocar em votação um assunto que diz respeito ao interesse privado, que poderia contribuir muito mais do que contribui para desonerara o SUS? Será que vai prevalecer a tese de “fazer política com o chapéu alheio’? Será que as questões estruturantes do Sistema Nacional de Saúde, mais uma vez vão ficar de fora?

Francamente? Acho que sim!  Mesmo sabendo que a ANS, não irá gostar muito deste texto, mas como tenho Deus do meu lado, não vejo como outra divindade possa ficar contra mim.

Norival R Silva

Consultor

Governança & Engenharia de Atendimento

SUSTENTABILIDADE

FINANCEIRA










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