Toda vez que
alguém fala em inovações na área da Saúde, invariavelmente vem pra mesa
discussões sobre as inovações tecnológicas, a grande maioria com fundamento na
medicina clinica ou cirúrgica. Ainda nao se tem notícia de inovações em Modelos
Assistenciais, Governança e organização de Redes, Governança de
Morbimortalidade e seguros saúde (planos) baseados no risco. Nestas áreas as
discussões são sempre as mesmas. O Mercado de Saúde na mais completa ebulição e
estagnação gerada por: o grande capital fazendo valer seu poder de compra,
verticalizando operadoras de saúde, conduzindo o acesso dos usuários excluindo
a livre escolha do consumidor; o Governo através da Agencia Estatal atuando num
modelo esquizofrênico de regulação; uma
Legislação confusa e genérica que obriga o judiciário a intervir numa relação
assistencial que deveria ser da medicina e da gestão da clínica; o Sistema
Público sendo alterado pelo Ministério da Saúde que resolveu substituir a
gestao municipal da atenção primária realizada pelos Prefeitos e Secretários Municipais
de Saúde por uma metodologia universal como se as diferenças regionais e a
cultura local de cada município nao existissem. Pior, arrebatando violentamente
do cenário o princípio da universalidade do acesso que agora depende de um cadastro
e de uma equação ponderada, que nem mesmo o próprio ministério ainda nao
aprendeu a fazer as contas direito. Depois de 30 anos, a verdade é que ainda
nao aprendemos tudo, continuamos a fazer as coisas contornando velhos problemas
que nos acompanham desde nascimento do
SUS. Parafraseando a visão denominada "sand-box" regulatório, quando
é que definitivamente vamos entrar na "caixa de areia" como fazíamos
quando criança, para ali desenvolvermos sem restrições de nenhuma espécie, as
inovações e mudanças que estão sendo exigidas de há muito pela sociedade. O
"sand box" relatório nos Sistemas de Saúde, talvez seja a janela pela
qual a inteligência clínica e de governança poderá buscar soluções que
facilitem a vida dos que de fato usam o sistema assistencial de saúde, não pela
visão nacional como quer o Ministério da Saúde
e a Agencia Nacional de Saúde, mas exatamente pelo princípio da regionalização
e da municipalização, pra valer!
O “Sand-Box”
Regulatório em Sistemas de Saúde, poderia ser uma forma de trazer a luz nos
conflitos e vulnerabilidades que compõem nosso relacionamento. Separar nossa
território (Estados e Municípios) em "caixas de areia", dando a eles
limites de recursos e incentivos de resultados, sem que o peso destas
modificações não sejam um impeditivo prévio as mudanças que precisam ser
feitas, como quer fazer o Ministério da Saúde.
Trata-se de
refazer uma grande pacto nacional, que já fizemos em 2006, que separaria em cada Estado e em cada
Município uma experiência de inovações de acesso, governança e gestão clinica
com regras simplificadas, porém seguras, onde os gestores poderão atuar,
criando modelos assistenciais, programas e serviços que possam efetivamente
estar na direção dos usuários do Sistema de Saúde, e aqui nao importa se
estamos falando do público ou do privado. No final, tudo o que der certo será
ampliado para o território, tudo o que der errado terá sido uma experiência e
boa aprendizagem sobre o que nao funciona. A verdade mesmo, é que Planos de
Saúde na modalidade em que estão, o futuro estará exigindo outras soluções que
tornem a assistência a saude de fato num benefício que possa ser garantido pelo
empregador e/ou pelo cidadão que tenham posses para isto. Acredito, que a
"contra/prestação" de serviços em modelos que ainda estarão nas
incubadoras das "caixas de areia", será a fórmula do futuro. neste
cenário entram os HPE - Executivos
Especialistas em Produtos e Mercados da área da saúde (Health Professional
Executive”. Profissionais com alta capacidade de administrar 100% dos
indicadores que compõem um sistema de saúde, seja hospitalar seja ambulatorial,
capazes de movimentar e organizar redes prestadoras pela visão da medicina de
inclusão e fidelizar grandes volumes de beneficiários com prestadores públicos
e/ou privados. No Modelo "SAND-BOX", as crianças as vezes se tocam e
se conflitam, mas tudo se resolve ali, sem a interferência das mães ou dos
adultos, assim é a proposta, o "sand-box" regulatório de Saúde, os
profissionais tem liberdade de propor, fazer, acertar e errar. Mas tudo sendo
feito em nome da qualidade do atendimento e resolução do problema dos usuários.
A propósito, nao fui eu que inventou o "sand-box". Os chineses já
fazem isto a muito tempo, e agora o Banco Central começa a regular o conceito
no setor financeiro. Por que nao, experimentar nos Sistemas de Saúde?.
Norival
Silva
norival@healthinnovation.com.br
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