No mercado de saúde esta frase explica bem a dificuldade do indivíduo que quer escrever uma carta de amor: começa sem saber o que dizer e termina sem saber o que disse... – Oras, se alguém entra em um hospital resgatado pelo SAMU, tendo ele um Plano de Saúde, o contexto é ainda pior: o Paciente entra sem saber quanto vai gastar e sai sem saber por que continua devendo.
No Sistema de Saúde Suplementar, deveríamos ter os players atuando com interesses comuns: resolver o problema do consumidor e remunerar o capital, lógica natural do setor privado, no qual todos os atores envolvidos nesta “cadeia” tenham resultados de remuneração justos e atrativos para todos, do contrário ele entra em crise e se desfaz. É o que acontece quando a Operadora comercializa um plano de saúde por um preço, baseado em uma cobertura e descobre no dia seguinte que outros serviços foram acrescentados, e não se pode aumentar o preço. Imaginem se amanhã os 50 milhões de beneficiários retornarem para o Sistema Público – CAOS! A ANS, o órgão que deveria assumir o papel de árbitro deste jogo, não sabe como começar o jogo e termina quase sempre sem saber como ele terminou. No Mercado Suplementar, que não foi concedido, a Agência Reguladora, nos últimos anos, equivocadamente extraiu para si o “bônus” e garantiu que o ônus ficasse com o investidor. Basta ver o número de operadoras que tínhamos e o que temos.
A ANS, deveria fazer mais FISCALIZAÇÃO de contratos e menos estatização do Sistema que nasceu para ser de livre adesão, para quem investe e quem para quem consome!
Preciso terminar dizendo que a manutenção do crescimento do setor suplementar (que nos últimos 3 anos cresceu mais de 3 milhões de usuários), não se dará pela oferta de planos mais acessíveis, mas sim pela oxigenação do mercado, mesmo que as soluções não sejam de consenso. Lembrando Mendez (2002), uma instituição que NORMATIZA, FISCALIZA E AUDITA, tudo ao mesmo tempo (como é o caso da ANS), certamente irá se descuidar do seu papel mais nobre de FISCALIZAR OS CONTRATOS entre as PARTES e contribuir na desoneração do SUS. Pior, ainda não sabe como terminar a carta de amor que começou a escrever em 1988!
Norival Silva
Health Advisory 281122