UMA VISÃO FUTURISTA DA SAÚDE SUPLEMENTAR
Norival Silva –
Consultor Sistemas de Saúde
O fato é que
vivemos um cenário cujo futuro está a exigir do Governo e de todos os agentes
do setor privado inteligência de reorganização e retomada do crescimento.
Na sua função
pública o Sistema Único de Saúde, relativamente organizado no nível primário de
atenção ainda não conseguiu dar solução ao gargalo de represamento da oferta de
serviços de média complexidade ambulatorial, em consultas, exames e terapias,
para não falar dos conflitos de mão de obra, imprevisibilidade legal, e todos
aqueles gerados pela utopia da universalidade que termina criando o principio
do tudo para todos sem capacidade de custeio dos seus efeitos.
Por sua vez, o sistema
suplementar vive longo período de estagnação sem sinais de recuperação. Durante
os últimos 4 anos mais de 3 milhões de pessoas deixaram de receber cobertura de
algum plano de saúde. Não fosse a pequena variação dos Planos Odontológicos, a
atenção Assistencial Médica estaria em gande declínio. Este cenário, foi gerado
(e continua sendo), por engessamento regulatório do Governo sobre a assistência
privada, que siquer foi concedida; Inflação de serviços médicos que a cada ano
mais se aproximam de 20% num cenário econômico de 4% a 5% de inflação oficial,
torna o financiamento de Planos de Saúde por pessoa jurídica como a segunda
maior despesa, gerando cancelamentos; incapacidade dos beneficiários de pagar a
co-participação que alcançou seus limites fora de qualquer lógica. Enfim,
chegamos no ponto de ebulição.
Não creio que os Planos
de Saúde, pelos menos nos modelos que hoje existem, possam continuar existindo.
Claro que as Cooperativas Médicas, em tese estariam fora desta análise (será?).
O mercado já está a procura de alguma solução que possa gerar mais equilíbrio e
mais resultados. Pelo menos 65% da cobertura nacional de planos de saúde é financiada
por Pessoas Jurídicas, e serão estas que certamente irao desenvolver alguma
alternativa diferenciada para reduzir seus custos. Neste caso, acredito na tese
da contra-prestação de servicos, na qual o tomador (as empresas)
através de profissionais negociadores, contratualizam serviços
hospitalares e ambulatoriais, com pelo menos 30% na redução dos custos atuais.
Este é o modelo que está em curso em grandes empresas americanas, e não duvido logo
estará no Brasil. A solução vai exigir os “Health Bussines Advisor”
qualificados em regulação prudencial com
alta performance em negociação de serviços de saúde. O modelo da Contra-Presta-prestação
se torna ainda mais relevante, na medida em que está fora do cenário regulatório
do Governo, por se tratar de uma compra direta do contratante à rede prestadora
com base em contrato de “uso”, ao invés de um contrato de risco envolvendo uma
Operadora, com pagamento direto entre o patrocinador (empresas) e o prestador (clinicas
e hospitais).
Volume gera mútuos
interesses, mutuo interesses gera menor preco. Esta é a
lógica que deverá nortear as relações neste mercado, talvez o mais complexo de
todos os outros. Quando alguém decide comprar um “plano de saúde” em última
análise está comprando um serviço no risco de uso, supostamente
provisionando recursos para quando for preciso. Se uma pessoa jurídica decide
ofecerecer o “benefício” da assistência à saúde dos funcionários, não
necessariamente a escolha de um plano de saúde será a escolha de menor custo e
maior resolução. Com base nos indicadores de utilização que apontam números
regulares (num ciclo de 12 meses, 10ª 15% da carteira ou da população de um
território irá usar servicos de internação hospitalar enquanto que 30% a 50%
irá usar serviços ambulatoriais), é possível negociar preços de compra de
serviços de forma direta com prestadores, com boas chances de se reduzir a
conta global em pelo menos 20% dos valores que se praticam. Utopia? Simples, neste
caso estou pagando pelo uso e não pelo risco. No Plano de Saúde, a conta é
em nome do 100% com ou sem uso. Utopia? É pagar para ver...Quem sabe as
Administradoras de Benefícios tenham expertise e soluções para indicar ao
mercado...
Norival
Silva
Consultor
norival@gestaosaude.com
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