REAPRENDENDO SOBRE SISTEMAS DE SAUDE
Norival Silva
Consultor
Toda vez que
alguém fala em inovações na área da Saúde, invariavelmente vem pra mesa
discussões sobre as inovações tecnológicas, a grande maioria com fundamento na
medicina clínica ou cirúrgica. Ainda nao se tem notícia de inovações em Modelos
Assistenciais, Governança e Organização de Redes, Governança de
Morbimortalidade e seguros saúde (planos) baseados no risco. Nestas áreas as
discussões são sempre as mesmas.
O Mercado de
Saúde na mais completa ebulição e estagnação gerada por: o grande capital
fazendo valer seu poder de compra, verticalizando operadoras de saúde,
conduzindo o acesso dos usuários excluindo a livre escolha do consumidor; o
Governo através da Agencia Estatal atuando num modelo excedente de regulação em
uma atividade que sequer foi concedida (a função pública continua garantindo o
serviço para o cidadão); uma Legislação
confusa e genérica que obriga o judiciário a intervir numa relação assistencial
que deveria ser da medicina e da gestão da clínica; o Sistema Público sendo
alterado pelo Ministério da Saúde que resolveu substituir a gestao municipal da
atenção primária realizada pelos Prefeitos e Secretários Municipais de Saúde
por uma metodologia universal como se as diferenças regionais e a cultura local
de cada município nao existissem. Pior, arrebatando violentamente do cenário o
princípio da universalidade do acesso que agora depende de um cadastro e de
uma equação ponderada, que nem mesmo o próprio ministério ainda nao
aprendeu a fazer as contas direito.
O “Sand-Box”
Regulatório em Sistemas de Saúde, poderia ser uma forma de trazer a luz aos
conflitos e vulnerabilidades que compõem nosso relacionamento. Separar nosso
território (Estados e Municípios) em "caixas de areia", dando a eles
limites de recursos e incentivos de resultados, sem que o peso destas
modificações não sejam um impeditivo prévio às mudanças que precisam ser
feitas, como quer fazer o Ministério da Saúde.
Trata-se de
refazer uma grande pacto nacional, que já fizemos em 2006, que separaria em cada Estado e em cada
Município uma experiência de inovações de acesso, governança e gestão clinica
com regras simplificadas, porém seguras, onde os gestores poderão atuar,
criando modelos assistenciais, programas e serviços que possam efetivamente
estar na direção dos usuários do Sistema de Saúde, e aqui nao importa se
estamos falando do público ou do privado.
No final, tudo o
que der certo será ampliado para o território, tudo o que der errado terá sido
uma experiência e boa aprendizagem sobre o que nao funciona. A verdade mesmo, é
que Planos de Saúde na modalidade em que estão, o futuro estará exigindo outras
soluções que tornem a assistência a saude de fato num benefício que possa ser
garantido pelo empregador e/ou pelo cidadão que tenham posses para isto.
Acredito, que a "contra/prestação" de serviços em modelos que ainda
estarão nas incubadoras das "caixas de areia", será a fórmula do
futuro. neste cenário entram os HPE - Executivos
Especialistas em Produtos e Mercados da área da saúde (Health Professional
Executive”. Profissionais com alta capacidade de administrar 100% dos
indicadores que compõem um sistema de saúde, seja hospitalar seja ambulatorial,
capazes de movimentar e organizar redes prestadoras pela visão da medicina de
inclusão e fidelizar grandes volumes de beneficiários com prestadores públicos
e/ou privados. No Modelo "SAND-BOX", as crianças as vezes se tocam e
se conflitam, mas tudo se resolve ali, sem a interferência das mães ou dos
adultos, assim é a proposta, o "sand-box" regulatório de Saúde, os
profissionais tem liberdade de propor, fazer, acertar e errar. Mas tudo sendo
feito em nome da qualidade do atendimento e resolução do problema dos usuários.
A propósito, nao fui eu que inventou o "sand-box". Os chineses já
fazem isto a muito tempo, e agora o Banco Central começa a regular o conceito
no setor financeiro. Por que nao, experimentar nos Sistemas de Saúde?
Norival
Silva
Consultor
Sênior
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