A histeria continua
Norival
Silva
O ex-ministro Mandetta,
deixou o Ministério quando usou a expressão: o “SUS vai entrar em colapso no
mês de abril”. Para um gestor de
sistemas de saúde, frase infeliz, por que foi com ela que se deu a largada para
a histeria e o pânico geral. O componente político aflorou nos estados e
quebramos a lógica do atendimento primário, dizendo para as pessoas só
procurarem serviços de saúde quando já tiver com febre, dor de cabeça e dor no
corpo, sob o juízo de que tal procura iria de fato colocar o sistema em colapso,
e porque lá em janeiro não nos planejamos para um evento cuja probabilidade era
alta, impedindo por exemplo o carnaval, fazendo compra de máscaras e testes de
pacientes.
A economia é uma
determinante de doenças, anotada inclusive na constituição federal no artigo
196. Isto é ensinado em qualquer be-a-bá de epidemiologia. A precipitação
gerada pelo isolamento social gerou o que estamos colhendo agora, só em Santa Catarina:
a)
165 mil empregos extintos até a
data de 16 de Abril;
b)
21% a menos na força de trabalho
formal;
c)
Redução de 3,4 bilhões na produção
industrial;
d)
Redução de 3,1 bilhões nas vendas
do mercado interno.
Sabem os efeitos de
tais ações, que já estão batendo em nossas portas? Fome, violência, baixa
estima, aumento considerável de doenças crônicas, inclusive óbitos, suicídios,
enfim: isto sim, caos!
Não é assim que se
administra crises na área da Saúde. O Gestor precisa adotar um perfil de
racionalidade, sem emocional envolvido, sem histeria ou pânico e coragem para
tomar decisões, sem esquecer as determinantes de saúde doença, uma delas a
economia e especialmente a aderência do operador da medicina.
Sei que de novo vão me
acusar de louco. Já tive que dar explicações por que estava incitando a ordem
pública, contrariando os decretos do Governador. Claro que defendo medidas
restritivas em relação ao Cov 19. Uso de Máscaras obrigatórias deveria ter sido
a primeira medida; isolamento de pessoas com outras morbidades e faixas etárias
acima de 70 anos; Claro que defendo mais seriedade na higienização sanitária.
Se todas as ações que estão sendo aplicadas em supermercados, empresas e outros
ambientes, continuarem a ser aplicadas após o COV 19, vamos reduzir a
mortalidade geral em pelo menos 20%. O cenário patológico (doenças crônicas e
infecto/contagiosas) continuam a matar pessoas precocemente no Brasil num
índice equivalente a 6% ao ano. Na área da saúde, é desastroso abandonar o
conceito de sustentabilidade e economia de escala, claro tudo no limite da
defesa da vida.
Esta semana, perdi um
parente acometido de um câncer de pulmão por que o sistema público demorou 4
meses só para fazer uma biópsia que custa $ 400,00. Quando saiu o resultado ele
já estava entrando em óbito, internado que estava. So que nestes casos, ninguém
fala nada, ainda dizem que o paciente não cuidou "em tempo" – sic.
A Dengue está batendo
em nossa porta e só o que sabemos fazer é tirar água de vaso de flor? Eu já
vivi no centro de uma epidemia de dengue no oeste baiano. Se com dois óbitos do
COV 19 estamos vivendo esta histeria, imaginem como estaremos com uma doença que
se multiplica geometricamente?
O vetor da dengue é o
mosquito Aedes – claro! mas a dengue se inicia quando um mosquito fêmea “picar”
um portador da doença e/ou um mosquito fêmea pegar “carona” em chegar em
Joinville, aí o ciclo será geométrico. Sabem o que isto quer dizer? Uma pista
para uma ação de contingencia!
Se o gestor quiser
saber qual, é só perguntar: como o Aedes fêmeas podem chegar de carona em
Joinville ou em qualquer outro município? Se ainda assim não souberem a resposta, falem comigo.
Quem não entender deste
cenário, que fique em casa!
Norival
Silva
norival@gestaosaude.com
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