sábado, 18 de abril de 2020

A Histeria continua


A histeria continua
Norival Silva

O ex-ministro Mandetta, deixou o Ministério quando usou a expressão: o “SUS vai entrar em colapso no mês de abril”.  Para um gestor de sistemas de saúde, frase infeliz, por que foi com ela que se deu a largada para a histeria e o pânico geral. O componente político aflorou nos estados e quebramos a lógica do atendimento primário, dizendo para as pessoas só procurarem serviços de saúde quando já tiver com febre, dor de cabeça e dor no corpo, sob o juízo de que tal procura iria de fato colocar o sistema em colapso, e porque lá em janeiro não nos planejamos para um evento cuja probabilidade era alta, impedindo por exemplo o carnaval, fazendo compra de máscaras e testes de pacientes.
A economia é uma determinante de doenças, anotada inclusive na constituição federal no artigo 196. Isto é ensinado em qualquer be-a-bá de epidemiologia. A precipitação gerada pelo isolamento social gerou o que estamos colhendo agora, só em Santa Catarina:
a)             165 mil empregos extintos até a data de 16 de Abril;
b)             21% a menos na força de trabalho formal;
c)              Redução de 3,4 bilhões na produção industrial;
d)             Redução de 3,1 bilhões nas vendas do mercado interno.
Sabem os efeitos de tais ações, que já estão batendo em nossas portas? Fome, violência, baixa estima, aumento considerável de doenças crônicas, inclusive óbitos, suicídios, enfim: isto sim, caos!
Não é assim que se administra crises na área da Saúde. O Gestor precisa adotar um perfil de racionalidade, sem emocional envolvido, sem histeria ou pânico e coragem para tomar decisões, sem esquecer as determinantes de saúde doença, uma delas a economia e especialmente a aderência do operador da medicina.
Sei que de novo vão me acusar de louco. Já tive que dar explicações por que estava incitando a ordem pública, contrariando os decretos do Governador. Claro que defendo medidas restritivas em relação ao Cov 19. Uso de Máscaras obrigatórias deveria ter sido a primeira medida; isolamento de pessoas com outras morbidades e faixas etárias acima de 70 anos; Claro que defendo mais seriedade na higienização sanitária. Se todas as ações que estão sendo aplicadas em supermercados, empresas e outros ambientes, continuarem a ser aplicadas após o COV 19, vamos reduzir a mortalidade geral em pelo menos 20%. O cenário patológico (doenças crônicas e infecto/contagiosas) continuam a matar pessoas precocemente no Brasil num índice equivalente a 6% ao ano. Na área da saúde, é desastroso abandonar o conceito de sustentabilidade e economia de escala, claro tudo no limite da defesa da vida.
Esta semana, perdi um parente acometido de um câncer de pulmão por que o sistema público demorou 4 meses só para fazer uma biópsia que custa $ 400,00. Quando saiu o resultado ele já estava entrando em óbito, internado que estava. So que nestes casos, ninguém fala nada, ainda dizem que o paciente não cuidou "em tempo" – sic.
A Dengue está batendo em nossa porta e só o que sabemos fazer é tirar água de vaso de flor? Eu já vivi no centro de uma epidemia de dengue no oeste baiano. Se com dois óbitos do COV 19 estamos vivendo esta histeria, imaginem como estaremos com uma doença que se multiplica geometricamente?
O vetor da dengue é o mosquito Aedes – claro! mas a dengue se inicia quando um mosquito fêmea “picar” um portador da doença e/ou um mosquito fêmea pegar “carona” em chegar em Joinville, aí o ciclo será geométrico. Sabem o que isto quer dizer? Uma pista para uma ação de contingencia!
Se o gestor quiser saber qual, é só perguntar: como o Aedes fêmeas podem chegar de carona em Joinville ou em qualquer outro município? Se ainda assim não souberem a resposta, falem comigo.
Quem não entender deste cenário, que fique em casa!
Norival Silva
norival@gestaosaude.com



sábado, 4 de abril de 2020

O LEIGO E A CURA


O LEIGO E A CURA
Norival Silva         
Sempre tive muitas interrogações sobre as teorias de manipulação de pessoas. Historicamente, na área da saúde, há vários exemplos de transformação de “oportunidades” endêmicas, transformadas em oportunidades políticas para conduzir a opinião pública ao interesse dos grupos de poder. O famoso levante das “vacinas” embora histórico e marcante, as pessoas já não lembram mais. Agora, chega o exemplo do “Corona vírus”, vulgo Covid 19, vulgo “chinês”.
O filósofo francês Michel Foucault, dizia: “com o capitalismo não se deu passagem de uma medicina coletiva para uma medicina privada, mas justamente o contrário; com o desenvolvimento do capitalismo no mundo, socializou-se um primeiro objeto que foi o “corpo” do ser humano como força de produção e trabalho”. Assim a “saúde” das pessoas passa a ser um assunto societário e impõem a sociedade a responsabilidade de proteger e assegurar a saúde de todos os seus membros.
Em verdade, muito pouca gente lembra que o artigo 196 da Constituição Brasileira, traduz esta opinião: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Não é porque alguém é bombeiro, médico ou qualquer outra função do segmento saúde, que estará apto a tomar decisões relacionadas a “garantia” do direito a saúde. O Governante, precisa pautar suas decisões, pelo primeiro requisito constitucional: saúde garantida mediante políticas sociais e econômicas. Num cenário de discussão em que o tema não seja de conhecimento comum, como é o caso da saúde, fica fácil gerar o medo, o pânico e a manipulação. Isto não é apenas uma tese, basta sair da hipnose coletiva a que fomos submetidos, para ver que já estamos entrando no caos econômico, outra pandemia, esta sim vai gerar desemprego, fome, violência, com muita mais letalidade do que o cenário gerado pelo vírus chinês. A história é repleta de exemplos: Todas as vezes que um leigo resolveu ser médico, terminou matando o paciente!
Não digam que sou contra salvar vidas, que sou contra cuidar da saúde das pessoas. Sou a favor de protocolos e medidas que garantam as condições sociais e econômicas como determinantes de saúde e qualidade de vida, como manda a CF.
Norival Silva – 04.04.20

PUBLICAÇÕES MINISTERIO DA SAUDE

  Portaria MS-GM nº 67, de 26/01/23 DOU de 30/01/23 p.92 – seção 1 – nº 21 – Altera a Portaria GM/MS Nº 4.282, de 12 de dezembro de 2022, q...